sexta-feira, 5 de abril de 2013

A VIAGEM


Acomodo-me no meu assento. Corredor sempre, para não encontrar empecilhos nas idas ao banheiro. 
Como companheiras de voo, duas moças simpáticas e falantes. Turistas de São Paulo voltando de São Luís do Maranhão, encantadas com a beleza dos Lençois e com as comidas típicas. Conversamos animadamente. De repente, a voz grave do comandante nos faz calar:
- Senhoras e senhores, permaneçam com seus cintos afivelados, pois estamos passando por uma faixa de turbulência. 
Um pouco apreensiva, rezo uma Ave-Maria e peço proteção ao meu anjo da guarda.
Tento retomar a conversa com as moças, naturalmente. Calma, tudo vai ficar bem - digo a mim mesma. Papo vai, papo vem, vinte minutos depois:

- Senhoras e senhores, permaneçam com seus cintos afivelados, pois estamos passando por uma faixa de turbulência.
De novo? Começo a rezar com mais fervor. Pai-Nosso, Ave-Maria, mantras, etc.
Ficamos em silêncio, não há mais clima para amenidades.

Quinze minutos depois:
- Senhoras e senhores, permaneçam com seus cintos afivelados, pois estamos passando por uma faixa de turbulência.
Fudeu! Minha mãezinha do céu, me protege. Meus santinhos, eu prometo tudo que for preciso, mas não quero morrer agora, agora não, agora não!
Dez minutos depois:

- Senhoras e senhores, permaneçam com seus cintos afivelaaaaaaaaaaaaa....

Anjos da guarda dos infernos, vocês me pagam quando eu chegar aí!!!


(São Paulo, fev/2013) 




2 comentários:

  1. Turbulência é alguma coisa horrível, acho que é aquela sensação do tipo: xi me encontraram aqui... agora já era!! legal!

    beijos, Lucia!!

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  2. É isso mesmo, Wilson, a gente já vê o avião explodindo, pedacinhos pra todo lado... rs.
    Obrigada pela visita, valeu! bjs

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